Chainsaw Man - Arco da Reze: Um explosivo romance adolescente

Um casal de jovens sentados bem próximos em uma mesa do que parece ser uma cafeteria. A iluminação é quente, semelhante a um por do Sol. A garota de cabelos roxos parece estar brincando com o jovem loiro que usa uma camisa social branca


Três anos depois da estreia de sua primeira temporada em 2022, o demônio da motosserra faz o seu retorno diretamente de onde a primeira parte havia parado, só que dessa vez o sangue jorra nas telonas. "Chainsaw Man: O filme - Arco da Reze" chegou aos cinemas brasileiros no dia 23 de outubro, dessa vez apresentando o confronto com o temível demônio da bomba. 

Após derrotar o demônio da katana ao fim da primeira temporada, Denji segue se acostumando com sua nova vida como caçador de demônios a serviço da segurança pública. Enquanto pensa em maneiras de conquistar Makima, o jovem têm um encontro curioso com uma garota ao abrigar da chuva em uma cabine telefônica. 

O que se desenrola a partir do contato entre essas duas figuras é o começo de um romance explosivo entre dois adolescentes, terminando em sequências de ação de tirar o fôlego e, por que não, as tripas de alguns demônios. 

Com produção do estúdio MAPPA o longa é show visual, com direção de Tatsuya Yoshihara e Masato Nakazono como assistente de direção, o anime é muito competente em construir o clima ideal para os momentos da trama, com momentos de respiro, humor e romance. Quanto as cenas de ação, o filme não deixa a desejar, entregando momentos frenéticos e com coreografias muito bem executadas, não deixando a desejar em uma obra recheada de violência e sangue.

Um homem com cabeça e braços de motosserra e roupa social enfrentando uma mulher de vestido preto e uma cabeça de bomba. No fundo várias pessoas em vermelho
Imagem promocional

Produção: 

Diretor: Tatsuya Yoshihara;

Diretor assistente: Masato Nakazono;

Diretor de Ação: Souta Shigetsugu;

Design de personagem: Kazutaka Sugiyama. 

Outro ponto a ser ressaltado é a abertura. Assim como Kick Back, tema da temporada anterior, Iris Out entrega todo o caos de Chainsaw Man com uma música viciante e envolvente, entrando facilmente na playlist dos fans de anime.

Confira: 


Sinopse: 

Denji finalmente vive como o temido Homem-Motosserra, um jovem com coração de demônio que integra a Divisão Especial 4 de Caçadores de Demônios. Depois de um encontro marcante com Makima, a mulher de seus sonhos, ele busca refúgio da chuva e acaba conhecendo Reze, a misteriosa atendente de um café.


Seja no campo ou na cidade, os gatos estão à espreita:  

Assisti ao filme duas semanas após sua estreia no Brasil, em uma sessão mais tranquila do que as próximas a estreia. Como já havia tido contato com esse trecho da história por meio do mangá, a adaptação serviu não apenas para potencializar a experiência que tive, mas também levantar novamente alguns pensamentos sobre a obra de Tatsuki Fujimoto. 

Mais do que uma série de desmembramentos e piadas sexuais, Chainsaw Man trabalha, com pouca sutileza em seu texto, uma série de temáticas sociais, como solidão, desejo, autoestima, e relações emocionais. Apesar de impulsivo e boca suja, Denji é um personagem moldado pela escassez física e emocional, controlado por relações viciadas e seduzido pelo básico apresentado como luxo. 

É na aparente superficialidade de seu protagonista que a obra levanta um de seus questionamentos mais brilhantes, a escolha entre uma vida longa e tranquila ou uma arriscada porém com altas recompensas. O dilema, apresentado por Reze a Denji, e pelo Anjo ao Aki, utiliza como alegoria o conto de Esopo sobre o rato do campo e seu semelhante da cidade. Enquanto o primeiro vive sua tranquilidade morna longe do caos da cidade, o segundo aceita os riscos de uma vida agitada em troca de comodidade e comidas gostosas. 

Antes de trabalhar como exterminador de demônios nosso "herói" mal podia ser comparado com o rato do campo tendo em vista que, até aquele momento, qualquer noção de dignidade humana se reservam apenas aos sonhos de um garoto pobre e seu pet motosserra.  Dessa forma, Denji vê no "rato da cidade" uma maneira de realizar seus desejos básicos e suprir necessidades que nem sabia que tinha. 

Uma jovem de cabelos roxos deitada sobre um campo de flores coloridas. Elas tá usando uma camisa amarela segurando uma flor simples branca próximo ao rosto enquanto pisca com um olho só para a tela.
Imagem Promocional

O tom caótico da obra como um todo, repleto de demônios, sangue e violência é tratado com certo escárnio e naturalidade, a história contrasta momentos sérios e reflexivos com piadas absurdas e cenas de ação de tirar o folego. O mundo onde o medo evocado pelos nomes dos demônios garantem seu poder e criaturas semelhantes a anjos não trazem salvação, mas sim a morte, acaba por ofuscar uma tragédia social muito próxima da realidade: A alienação dos direitos de alimentação, segurança e estima.   

Motivações simples como três refeições por dia e a chance de pegar em peitos revelam a fragilidade de um garoto de 16 anos que foi privado da criação de laços humanos genuínos desde a infância. Fácil de manipular, o adolescente não se encontra refém apenas de comida e um teto para morar, mas também de demonstrações de afeto. Se por um lado Makima o mantém por perto por meio de migalhas de afeto, como uma lágrima após uma maratona de filmes, Reze já o bombardeava de emoções antes mesmo de se revelar como o demônio da Bomba.  

Enquanto a paixão por Makima se mostra platônica, idealizada e com pitadas de manipulação, Reze chega trazendo um sentimento explosivo e juvenil. Convites para a frequentar a escola, o café servido no meio da tarde e o chamado para um mergulho noturno, mesmo sem saber nadar, se apresentam como a luz que atrai uma mariposa, ou como a teia de uma aranha pronta para pegar sua presa. A vulnerabilidade de Denji existe, e todos querem o coração do motosserra, mas nunca o do individuo disposto a se agarrar ao mínimo sinal de amor.    

Apesar a astucia, das explosões e dos mistérios, a mulher bomba parece se deixar levar pelas próprias promessas vazias e acaba perdendo a vida em silêncio em um beco escuro. No fim, seja no campo ou na cidade, ratos são ratos e sempre há um gato esperando para pegar sua presa. 


Fontes: O Texto utilizou informações oficiais sobre o produto mencionado, além da reprodução de imagens divulgadas com o objetivo de divulgação da peça. 

Samuel Lima

Escrevo de tudo um pouco aqui na Otadesu, sempre com o objetivo de informar com qualidade. instagram bluesky

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